A opinião do pesquisador e historiador sobre os acontecimentos do carnaval

Sambas enredo de 1983: Clássicos que devem ser lembrados eternamente

Quem anda cansado de ouvir os sambas enredo atuais, com seus temas vazios, sem imaginação, melodias rápidas e pobres e com os puxadores ”Gospel”, que tremem a voz e querem aparecer mais do que o próprio samba. Deve reservar um tempo, para escutar com carinho a gravação dos sambas enredo das principais escolas de samba do Rio de Janeiro do ano 1983.

Lá você vai encontrar logo de cara, com dois clássicos: Mãe baiana mãe, das ‘‘Feras” Aloísio Machado e Bento sem braço do Império Serrano e Como era verde meu Xingu de Dico da viola, Paulinho Mocidade, Tiãozinho e Adil da Mocidade Independente de Padre Miguel.

Na composição do Império Serrano eu destaco a beleza singela mas ao mesmo tempo extraordinária da letra deste samba. Através de um subjetivismo e sensibilidade singular, os autores fazem uma linda homenagem à mulher negra afro-brasileira. Já no samba da nossa Mocidade Independente, ressalto a força rítmica deste samba e, sua letra que é um grito político contra a destruição do meio ambiente e da cultura genuinamente brasileira. Mais em termos de qualidade de samba enredo, o saudoso disco de 1983 não fica só nestes dois clássicos citados. Unidos da Ponte, E eles verão a Deus, que é uma bela poesia lírica com letra que usa e abusa de figuras de linguagem e, Beija Flor de Nilópolis com Grande constelação das estrelas negras. um samba forte e contagiante, ajudam a fazer deste álbum o melhor feito na década de 1980.
Ainda falando da qualidade dos sambas de 1983, quero fazer uma ressalva ao samba do Acadêmicos do Salgueiro. Traço e troças ele é uma composição que rompe com a estética formalista do samba tradicional, introduzindo o verso livre e a irreverência poética.
Para fechar a analise do disco de sambas enredo de 1983, quero aqui lembrar que nele tem-se o que de melhor a história dos desfiles de escola de samba pôde oferecer em termos de puxadores de samba enredo.

Nesta gravação você tem as vozes marcantes de: Quinzinho, Aroldo Melodia, Silvinho da Portela, Grilo, Sobrinho, Ney Vianna(foto), Rico Medeiros, Marcos Moran, Neguinho da Beija Flor e Flavinho Machado. Todos estes artistas abrilhantaram este trabalho com estilos próprios que respeitaram a tradição e a força do samba.








foto:divulgação
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Na Cadência da Bateria
"Carnaval o ano todo"

Um comentário:

  1. Sem dúvida alguma, você expõe com sabedoria a pobreza que tomou conta das escolas de samba. Acredito que já se tem mais de uma década que não se ouve mais sambas de enredo de raiz. A verdade é que hj este modelo adotado é somente para gringo ver. O negro está sumindo das escolas de samba com esta invasão de "celebridades" que não tem qualquer identificação com a mesma. E não vejo este cenário retornar ao passado glorioso, só um milagre. Quem sabe com a ajuda do Jamelão, Ney Viana, Aroldo Melodia, Carlinhos de Pilares não seja possível? Quem viver verá! Abraços

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