A escolha de Roberto Carlos como enredo da Beija Flor é, em nossa opinião uma boa opção. A escola de Nilópolis pegará carona nos cinqüenta anos de carreira do nosso mais popular cantor brasileiro, sem contar, que Roberto Carlos, foi enredo pela primeira e única vez, há exatamente vinte e sete anos, quando a modesta Unidos do Cabuçu homenageou o rei. Agora a Beija Flor fará uma releitura mais atual e sofisticada sobre o tema.
Mas, para alcançar o êxito de sempre no desfile das grandes escolas do Rio, a azul e branco, terá que ter um critério de coerência na disputa de samba enredo.
Após ouvir os oito sambas finalistas cheguei a seguinte conclusão: que o samba eleito pela mídia e que a própria escola está dando como favorito é justamente o que eu considerei o mais fraco de letra e melodia. Refiro-me aos sambas da parceria dos famosos Erasmo Carlos, Paulo Sergio Vale e Eduardo Lages
A letra deste samba retrata de forma muito limitada a vida e carreira do homenageado, sem contar que poeticamente a dissertação é pouco apreciável. Do ponto de vista melódico, este samba parece um jingle de campanha política. De samba enredo ele não tem nada. Se esta composição fosse de autores anônimos fatalmente, teria sido alijado já nas primeiras eliminatórias. Mas como tem grife de famosos, persisti na disputa e como favorito ao titulo de hino da escola para o carnaval de 2011.
A participação do trio de astros da MPB na disputa de samba enredo da Beija Flor trás a tona, a discussão sobre o critério para se poder disputar samba enredo numa escola de samba. Antigamente para participar da ala de compositores da maioria das escolas de samba do Rio era preciso, passar por uma espécie de “prova” para constatar o talento musical e poético do artista e mais, o sujeito tinha que ser sambista e ter uma relação intima com a cultura da sua comunidade.
Com o passar do tempo, a disputa foi virando um melancólico “negócio " que se abriu para qualquer um participar. O resultado disso foi à banalização do samba enredo como estilo.
Erasmo Carlos, Eduardo Lages e Paulo Sergio Vale são sem sombra de duvidas excelentes nomes da nossa música, mas não são compositores de samba enredo, até que me prove o contrário. Por isso acho que a participação deles é uma aventura para ambos e principalmente para Beija Flor, que vem em nossa opinião se notabilizando, como uma das escolas de samba que melhor escolhe os seus hinos nas ultimas décadas.
Voltando para análise geral da disputa de samba na Beija Flor, quero finalizar dizendo que, dos sambas finalistas destaco como melhor, o da parceria Tom Tom, Miguel Menezes, Gelson, Barbosão e Diogo Rosa. Esta composição tem a cara da Beija Flor além der ser a de melhor poesia, melodia e letra.
foto:divulgação